terça-feira, 27 de junho de 2006

Apartamento 12

Grande parte dos nossos semelhantes ─ quando descrevem uma ocasião para espairecer e relaxar ─ citam uma praia maravilhosa, com aguas claras, contrastando com o pôr ou nascer do Sol, deserta (de preferência), com uma vasta visão do horizonte sob a superfície do mar, a brisa na face, o céu aberto, o ar fresco...Quando o cenário muda, poucas características diferem.

O segundo lugar no Ibope para a auto-reflexão do ser humano é das montanhas. Sem dúvida....Parece ser o único refúgio para quem foge da praia descrita acima. Tocar as nuvens, respirar um ar mais puro, abrir os braços para sentir-se livre e olhar para o mundo abaixo dos próprios pés.....Que maravilha !

Já que na minha modesta opinião ambas as situações são completamente "farofa", comecei a imaginar diversas outras situações que fossem capazes de repousar meu corpo e alma.

Dez minutos depois já havia cruzado o mundo. Passei semanas em castelos medievais na Escócia tomando o mais puro Whiskie e comendo as mais gordurosas carnes (limpando a boca com a toalha que cobria a mesa de madeira, é claro). Isso é que era tranquilidade.
obs: A toalha tinha o brasão da minha família, e meu nome bordado bem na ponta.

Em seguida fui para o Tibet. Mas lá fiquei por apenas dois dias, afinal, minha viagem estava apenas começando, e eu ainda estava muito excitado para aceitar que meu espírito encontrasse a verdadeira felicidade.

Optei por relaxar na Austrália, em campos abertos, onde poderia estacionar meu trailer e conviver com os cangurus. Apenas eu e eles. Nesse momento cheguei a uma conclusão que pode revolucionar o envolvimento do homem com o meio em que vive. As pessoas que consideram o cachorro, como o melhor amigo do homem, definitivamente não conhecem os cangurus. Quanta fidelidade !

Mas eu me cansei...E aluguei uma quarto-cozinha em Havana. Viva la revolución! Sin perder la alegria jamás! Isso sim é vida! Os charutos me ajudaram a esquecer um pouco o calor, e poucos dias foram suficientes para que eu saísse de lá renovado. Me sentia uma outra pessoa.

Voltando para casa, comecei a reorganizar minha vida, colocar as coisas no lugar, ligar para as pessoas comunicando meu retorno, coisas do tipo. Liguei para a pizzaria e pedi meia portuguesa meia calabresa e uma coca-cola light, para matar a saudade. Liguei o rádio para ouvir o jogo do Palmeiras, fiquei mais de 30 minutos no chuveiro, sentei em frente ao computador para escrever, tomei algumas cervejas de madrugada na varanda, olhando para o estacionamento de visitantes. Realizava a travessia quarto-cozinha semi nú, sem o menor problema. Cochilava a tarde na cama e dormia a noite no sofá...

Quando me dei conta, havia uma semana que retornara de viagem, e não havia colocado os pés pra fora de casa...

Cheguei a conclusão de que para sentir a verdadeira liberdade, paz, descanso e reflexão, não há lugar melhor que a minha casa!

Um comentário:

Nívea Biazotto disse...

Ah... Cheguei antes pra comentar.
Os 2 primeiros parágrafos me lembraram aulas de relaxamento de ginástica laboral...urghhhhhhhhh!
Pois bem, partindo dos meus sentidos, eu diria que minha casa não anda sendo minha primeira opção de refúgio nos últimos tempos (até pelo contrário...As vezes ando fugindo de lá...rs! Tá, rebeldias a parte). Explicação: Talvez por ela não ser 'minha' única e exclusivamente de fato.

Beijocas!