quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A terça-feira se foi

Às vezes o sol parece raiar sem deixar uma brecha para a obscura luz do luar. E os lábios riem, sem deixar um canto de boca para abrigar as caídas lágrimas. Tudo é tão verde, e azul, que a cabeça pena para distinguir a realidade do imaginário.

Dia após dia esperamos sentados o dia em que as coisas reencontrarão seu caminho natural. E a garoa e os ventos fortes assolarem algumas gélidas manhãs. Mas este dia não chega. Então nos deitamos e nos beijamos. Aproveitando os últimos minutos de mais um dia, esperando que talvez o amanha, coloque novamente nossos pés no chão.

E, mais uma vez, este dia não vem. Então damos as mãos e passeamos, em busca de algo que nem mesmo sabemos o que é. E quando conversamos, discutimos se o tal dia chegará para nós. Difícil é entender, e admitir, que no fundo, talvez estejamos realmente ansiosos para que este dia chegue. Porque aí será mais fácil encontrar palavras para explicar o que até agora não conseguimos.

Enquanto aguardamos o tapa na cara do destino, sinto falta de sentar naquela varanda e cantar que a terça-feira se foi com o vento, o mesmo que levou meu amor. Sinto falta de não ter pena de mim e sinto falta de pensar que algo me falta. Mas de tanto sentir falta, me pego sentindo falta de você.