quarta-feira, 26 de março de 2008

A importância do lead, título e olho

Não existe fórmula correta para dispensar alguém. Nestas horas, as mentiras tornam-se um forte aliado. Rápidos, diretos, eficientes. Quando falamos então de alguém profissional no assunto, a chance de êxito é surpreendente. É óbvio que o dom da mentira perfeita pode ser questionado como uma falha de caráter, mas é preciso admitir que todos já passaram por esta situação e, inevitavelmente, acabam por utilizar suas mais latentes qualidades para chegar aonde se quer.

Sinto não conhecer as desculpas mais utilizadas por profissionais da saúde, nem dos precisos matemáticos de exatas, mas, ao mesmo tempo, sinto muito, mas muito mesmo, por conhecer as clássicas presepadas de profissionais da comunicação, em especial, uma classe não tão rara de usurpadores e esquizofrênicos por conveniência denominados jornalistas.

É tudo muito simples. Estes seres, que geralmente usam camisas xadrez e usam óculos retro contrastando com tênis dos mais modernos, evitam ao máximo o contato através do telefone. As palavras podem pegá-los em um ato falho a qualquer momento, e o raciocínio de quem senta para escrever pode não ser dos mais velozes quando colocados em uma situação que exige resposta imediata. Portanto, evitem resolver qualquer situação pendente com eles através do celular.

O encontro interpessoal é outra convenção moderna demais para os membros da espécie que tem contas a prestar no cartório. Olhos nos olhos é uma intimidação pra lá de dispensável para estes seres. Falar a verdade ou mesmo ludibriar ao vivo, sem cortes, é muita emoção para quem passa o dia entre cigarros, cafés e cervejas. Carta fora do baralho, literalmente.

Mas como no fundo, bem no fundo, todos se reconhecem como seres iguais, nem mesmo o mais insensível dos jornalistas conseguiria deixar alguém sem nem um porque. E é para o momento em que explicações são inevitavelmente necessárias que surge um dos grandes veículos de comunicação da sociedade contemporânea. O e-mail.

De: Vitor Giglio
Para: Regina Almeida
Assunto: Eu não te amo!

Rê, gostaria que você soubesse que eu não te amo!

Grato pela atenção,
Vitor

O conto das mulheres bárbaras


É engraçado vê-la, apressada, atrás do seu próprio final. A sensação é de que nunca está realmente em seu habitat natural. Sempre achei que ‘sem rumo’ era apenas um de seus nomes. O que você faz, e diz, está sempre correto. Mas isto não faz o meu tipo. Era melhor quando você não nos queria tanto.

O que eu quero? É o que queres! Talvez eu não seja um simples egoísta. Com certeza não. Sou um egoísta bem mais complexo.

Vamos lá, me abuse mais um pouco, menina. Se for preciso, mije em sua auto-estima.

Pense nisso!