quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Lara

Sai quando quer
Volta se quer
Faz porque quer

Diz sem querer
Que a dor lhe faz crer
Que viver é sofrer

Sente não amar
Mesmo que só
Vive a vagar

Eis uma flor
Pra dona da dor
Que vive a chorar

Aposte tudo!

Entre perder tudo no poker, ou em um diálogo de cinco minutos, na porta do bar, no final da noite, fico com a primeira opção. A frustração de ser superado por alguém é infinitamente mais tranqüilizante que a de perder tudo para si mesmo. Mas, e se o enredo do diálogo lhe faz perceber que você nunca teve o que acha que perdeu. É tão possível quanto avaliar que a derrota no poker foi fruto de uma má jogada sua. Bom, neste caso, interessante seria voltar algumas horas no tempo, naquele momento em que acabou de sair do chuveiro e decidir não colocar os pés pra fora de casa.

Mas se tudo é tão fácil assim, porque não voltar no instante em que a conheceu, e tentar agradá-la da maneira que hoje sabe que ela gosta. Ou então no maldito dia em que lhe ensinaram a jogar poker, para ter a chance de responder: não me interesso por jogos de carta.

No final das contas você não quer mudar é nada. E porque? Porque feliz, ou infelizmente, você aprendeu a aproveitar e desfrutar cada segundo destas situações. Você deleita-se com cada gesto ou frase mal compreendida, com cada desencontro, com cada olhar não correspondido, e você passa semanas pensando naquele sutil toque de mãos, da mesma maneira. Como se tudo aquilo te fizesse muito bem. E parece faz mesmo!

Você adora blefar quando tem um 3 e um 9 de naipes diferentes em mãos mas, ao mesmo tempo, hesita quando sai de cara com um par de As. Pelo menos você já descobriu o que gera em você tanto tesão, tensão, êxtase. Você finalmente descobriu um jogo que vale a pena ser jogado.