terça-feira, 29 de julho de 2008

Segunda vida

Não tem jeito. A popularização das ferramentas de comunicação utilizadas na Internet é resultado de muitos acordos comerciais e também do pioneirismo na utilização de novas tecnologias, ou no aprimoramento delas. É fato que a aceitação por parte de uma sociedade está diretamente ligada à sua cultura – ou falta de – e só isso explica o sucesso inquestionável de determinados programas em uma nação. Em uma mesma nação que simultaneamente rejeita um outro utilitário semelhante.

Longe do saudosismo ou até mesmo da adoção de práticas infantis para atrair a atenção de meus “amigos” da rede, cheguei à conclusão de que estava saturado do Windows Live Messenger, o antigo MSN. A ferramenta que, tempos atrás, era utilizada como forma de integração e lazer (talvez o objetivo pelo qual ela teria sido criada) passou a ser usada de tempos pra cá apenas como distração para os dias mais ociosos de expediente.

No conforto de minha cama, onde repousa ao lado meu computador, por exemplo, o Messenger passou a ser um filho rejeitado pelo patriarca. No auge dos finais de semana mais inúteis e sem graça que um ser humano pode ter, me dava ao luxo de, no máximo, deixar na opção “aparecer offline” para quem sabe, talvez assim, pudesse lembrar de algo para dizer a algum ‘Pedro Henrique e Vanessa juntos para sempre” ou “Carnafacul sabadão hein, galera!”.

No mesmo páreo do desinteresse pela utilização da ferramenta, vem o primo mais famoso da classe. O viciante Orkut. Que cada vez me deixa mais e mais indagado. Vamos partir de um princípio básico. Em qualquer interação social, em qualquer diálogo, tudo o que é dito é peneirado pela massa cinzenta que carregamos acima de nossos belos olhos claros. Tá certo! Exceção feita aos momentos em que depositamos uma grande quantidade de álcool em nossa corrente sanguínea. Mas mesmo assim, ainda acho que só falamos ‘aquilo que pode ser dito’. Espero que tenha entendido. Aquilo que pode, não necessariamente o que deve ser dito.

E nesse infinito universo on line (olha a propaganda) não é diferente. Você só mostra ao mundo aquilo que deseja que o mundo veja. Se você é uma popozuda arretada, vai colocar seu bumbum lá para que nós possamos ver e elogiar. Se você acha que tem um bumbum tão bonito assim, mas não o exibe, é porque tem medo de ter esquecido de tirar aqueles furinhos de baixo da banda esquerda no Photoshop. E que essa pequena celulitezinha vire uma comunidade futuramente. Não é?

Piores aqueles que fingem não estar nem aí... Sim! Fingem! Como é então que se explica que um sujeito utiliza uma ferramenta mundial (hoje praticamente nacional) de comunicação, coloca fotos dos pais, irmãos, namorada, tio, tia, cachorro, da garçonete gostosa, dos amigos pelados e restringe a visualização de suas fotos e recados a um seleto grupo de pessoas?

Que Orkut chato! Não deveria dar esta possibilidade a seus usuários, Sr. Google. Ou é ou não é! Acho o cúmulo do ainda não sei o que alguém reclamar que não tem privacidade no Orkut. Pêra aí, filho! Está lá pra quê? Quando eu vou pro bar eu bebo, quando vou pra igreja rezo, quando vou pra guerra eu luto. Quando eu entro no Orkut eu mostro. Não sei quem está ficando mais chato hoje em dia. Se as facilidades oferecidas por estes meios de comunicação ou as pessoas. Acho que um depende do outro.

É por estas e outras que planejo minha aposentadoria destes passa-tempos. Queria mesmo é usar só o ICQ. Nem que fosse para falar apenas com cinquentonas de Oslo ou jovens belgas num ciber-café de Bruxelas. Acho que eles teriam muito mais coisas pra contar, e mostrar, do que eu realmente poderia ter como oferta daqueles que contam um segredo via scrap e não quer que todos saibam.

Enquanto isso continuo on line no MSN das 11h00 às 18h00 de segunda a sexta e acesso diariamente o Orkut. Procurem lá. Vitor Giglio. Mas minhas fotos e scraps estão disponíveis para visualização apenas para quem faz parte da minha lista de amigos.

Um comentário:

Joel disse...

"Quando vou na igreja eu rezo?" Eita! bom, ainda bem que só foi metaforicamente, mesmo. Estranho você falar mal de quem, hoje, te ajuda a manter contato com aquele "colega secundário" de faculdade ou aquela que você conheceu, mesmo sem querer, em uma balada meses atrás.

Sim, quando falo em colega secundário de faculdade eu estou falando do Bon Jovi. rs.